O dólar opera em forte alta nesta sexta-feira (29), último pregão de novembro, refletindo as incertezas em torno do cenário fiscal brasileiro após o anúncio de medidas econômicas pelo governo federal. A moeda norte-americana chegou a ser negociada acima de R$ 6 logo no início do dia, atingindo pela segunda vez na história esse patamar inédito.
O pacote fiscal apresentado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, prevê cortes de R$ 70 bilhões nos gastos públicos em 2025 e 2026, totalizando R$ 327 bilhões até 2030. As medidas incluem ajustes em programas sociais, salário-mínimo, aposentadoria de militares e emendas parlamentares, o que inicialmente agradou o mercado.
Por outro lado, a proposta de isenção do Imposto de Renda para rendimentos de até R$ 5 mil anuais gerou desconfiança entre investidores. Estimada em R$ 35 bilhões, a isenção seria compensada pela taxação de até 10% sobre rendas superiores a R$ 50 mil, o que levantou dúvidas sobre sua viabilidade e o impacto no equilíbrio fiscal.
Além do cenário fiscal, o mercado reagiu aos dados de emprego divulgados pelo IBGE, que mostraram uma queda na taxa de desemprego para 6,2% no trimestre encerrado em outubro, o menor nível da série histórica. Embora positivo, o dado não foi suficiente para aliviar o pessimismo dos investidores, que seguem atentos às incertezas econômicas e políticas.
Com o dólar acima de R$ 6, o Brasil enfrenta mais pressão sobre a inflação, enquanto o governo tenta equilibrar medidas sociais e fiscais para acalmar o mercado e avançar com sua agenda no Congresso.