Foram R$ 96,1 bilhões, 15,6% mais do que no mesmo período de 2021; mas forma de pagamento tem desvantagens
Entre janeiro e maio de 2022, os consórcios acumularam 1,5 milhão de vendas, crescimento de 11,1% em relação ao mesmo período do ano passado, quando houve 1,35 milhão de contratações. O aumento acontece em meio a um cenário de juros altos, que tornam os financiamentos menos atrativos. Os dados são de uma pesquisa da Abac (Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios).
Após um ciclo de aumentos, a Selic chegou a 13,25% em junho, o maior patamar desde 2016. A alta dos juros encareceu as linhas de crédito e dificultou a compra de bens por meio de financiamentos.
Segundo Luiz Antonio Barbagallo, economista da Abac, o consórcio elimina os juros e ajuda a evitar o consumismo imediato, sendo uma alternativa para quem não consegue comprar à vista. “É difícil dispor de grandes quantias desembolsadas ao adquirir bens de alto valor, para isso é preciso tempo”, afirma. Ele acrescenta ainda a insegurança de ficar com a conta bancária zerada.
Mas o head de crédito da BankRio, Daniel Garrido, ressalta que, apesar de o consorciado não pagar juros, há outras cobranças envolvidas na negociação do contrato. “Mesmo não havendo a cobrança da taxa de juros, existem taxas que o cliente deve se atentar antes de tomar a decisão, como a de administração, que pode ser bem alta dependendo da empresa ou do plano selecionado”, afirma.
“O consórcio é um sistema de autofinanciamento em que o consumidor participa com outras pessoas dentro de um grupo de consórcio. Ele vai ter custos mais baixos, prazos mais longos de pagamento e prestações que cabem no seu bolso. Mas é importante que o consumidor conheça as regras, ele vai ter que ser contemplado por sorteio ou por lance para ter acesso ao crédito para comprar o seu bem com o famoso poder de barganha, poder de quem compra à vista”, explica Paulo Roberto Rossi, presidente-executivo da Abac.
Em maio, foram registrados 8,62 milhões de participantes ativos, aumento de 7,5% em relação ao mesmo mês de 2021, 8,02 milhões. Somente nos primeiros cinco meses de 2022 foram movimentados R$ 96,13 bilhões, 15,6% mais do que o totalizado no mesmo período do ano passado (R$ 83,19 bilhões).
Apesar da maior adesão, o valor médio do consórcio aumentou 7,2%. A média do ticket passou de 62,09 mil, em maio de 2021, para 66,53 mil, um ano depois.
Entre os consorciados contemplados no período, houve avanço de 12%, de 553,23 mil, em 2021, para 619,88 mil, neste ano. Os créditos liberados de janeiro a maio chegaram a R$ 28,19 bilhões, valor 11,2% superior aos R$ 25,35 bilhões anteriores.
O consórcio de eletroeletrônicos registrou alta de 124,6%. Já no segmento de veículos pesados a alta foi de 53,4%. Também cresceram imóveis (22,6%), motocicletas (7,6%) e veículos leves (1,9%). Adesões a serviços apresentaram retração de 27,4%.
A estimativa dos créditos concedidos e potencialmente injetados nos mercados automotivo e imobiliário mostra que o segmento marcou 40,7% de presença no setor de automóveis, utilitários e camionetas. No setor de motocicletas houve 53,9% de possível participação. Para os veículos pesados a relação para os caminhões foi de 34,7%. Enquanto ocorreu 13,3% de participação no total de imóveis financiados, incluindo os consórcios.