Fala do apresentador do podcast foi repudiada por seguidores, autoridades e associações; ele se desculpou nesta terça-feira (8)
Depois de defender a existência de um partido nazista no Brasil, o apresentador Bruno Aiub, conhecido como Monark, publicou na tarde desta terça-feira (8) um vídeo em que se desculpa pela fala no podcast Flow. “Eu errei, a verdade é essa. Eu estava muito bêbado e fui defender uma ideia que acontece em outros lugares do mundo — nos Estados Unidos, por exemplo — mas eu fui defender essa ideia de um jeito muito burro, eu estava bêbado, eu falei de uma forma muito insensível com a comunidade judaica. Peço perdão pela minha insensibilidade”, afirmou. “Fui insensível sim, errei na forma com que eu me expressei, dá a entender que estou defendendo coisas abomináveis.”
Às 16h30, os Estúdios Flow divulgaram uma nota em que anunciam o desligamento de Monark, apesar de ele ser um dos sócios da empresa. Questionada pelo R7 sobre como fica a participação societária de Bruno Aiub na empresa, a Flow ainda não respondeu.
O comentário foi feito nessa segunda-feira (8), durante uma entrevista com os deputados federais Kim Kataguiri (Podemos) e Tabata Amaral (PSB). No estúdio, o apresentador disse que a legislação deveria reconhecer a existência de um partido nazista no Brasil. “A esquerda radical tem muito mais espaço que a direita radical, na minha opinião. As duas tinham que ter espaço, na minha opinião […] Eu acho que o nazista tinha que ter o partido nazista reconhecido pela lei”, disse.
Ao ouvir a fala, Tabata Amaral retrucou dizendo que o nazismo é um risco especialmente à comunidade judaica. “Liberdade de expressão termina onde a sua expressão coloca em risco a vida do outro. O nazismo é contra a população judaica e isso coloca uma população inteira em risco”, afirmou a parlamentar.
No Brasil, assim como na Alemanha, é considerado crime fabricar, comercializar, distribuir ou veicular símbolos, emblemas e objetos de divulgação do nazismo. Aqui, a regra consta no artigo 1º da Lei 7.716/1989. A pena para quem pratica o crime pode variar de um a três anos de prisão, mais multa.
O cientista político e advogado especialista em Direito Público Nauê de Azevêdo considera as falas de Monark “repudiáveis”, mas destacou que ele provavelmente não chegou a praticar crime com o discurso. “Inicialmente, não vi ali uma apologia direta ao nazismo. Isso seria um crime, mas ele requer esse dolo específico de você promover a ideia. O que ele fez ali foi, de uma forma extremamente irresponsável, de uma forma extremamente torpe, defender que nós deveríamos tolerar a existência de um partido nazista. Ele estava ali numa forma de debate. Então, na esfera penal, eu não vejo muitos elementos para responsabilizá-lo”, afirmou.
O jurista, entretanto, disse que Monark pode ser processado civilmente. “A forma como ele se posiciona sobre esse tema e tantos outros, considerando o alcance que ele tem — que é um alcance muito grande —, essa sim pode, de alguma forma, render em espécies de responsabilização civil. Porque, querendo ou não, ele incide sobre a sociedade. Ele ajuda, de uma forma ou outra, a legitimar determinados discursos que são nocivos para a sociedade.”
Fonte – R7