Tudo começou com a maçã (que talvez fosse um figo ou uma romã, segundo relatos antigos e anteriores ao Renascimento). Quando Eva provou o “fruto proibido” da Árvore do Conhecimento e o ofereceu a Adão, causando a expulsão do casal do Jardim do Éden, ela se tornou a primeira protagonista de uma história milenar que associa mulheres a plantas “Venenosas, Nocivas e Suspeitas”. Este é o título da nova exposição que Giselle Beiguelman apresenta, de 6 de novembro de 2024 a 20 de abril de 2025, na Galeria de Fotos do Centro Cultural Fiesp, na Av. Paulista. Com curadoria de Eder Chiodetto, a mostra gratuita traz cerca de 30 trabalhos inéditos da artista, que utilizou inteligência artificial (IA) para desenvolvê-los. “Nos últimos três anos, tenho trabalhado extensivamente com IA em meus projetos artísticos. E tem sido uma tremenda experiência de aprendizado. No momento, me dedico à exploração de modelos de IA que utilizam linguagem natural para gerar imagens a partir de textos e transformar imagens em um dinâmico processo de tradução quase intersemiótica. As obras visuais apresentadas nesta mostra foram criadas com esse tipo de tecnologia”, explica Beiguelman. Em “Venenosas, Nocivas e Suspeitas”, a artista relaciona plantas que foram proibidas ou demonizadas pelo colonialismo – por razões que vão do seu uso em práticas rituais a poderes afrodisíacos ou alucinógenos – a mulheres que foram apagadas da história da arte e da ciência.