As eleições de 2012 para prefeitos nos municípios maranhenses demonstrou o total domínio político da oligarquia Sarney no cenário estadual. O PMDB (15), hoje chamado somente de MDB sob a liderança da governadora Roseana Sarney e do Secretário de Saúde Ricardo Murad conquistaram 47 prefeituras. O segundo partido em quantidades de prefeituras foi o PRB (10) que sobre a liderança do deputado estadual Marcos Caldas elegeu 24 prefeitos e em seguida vem o PV (43) legenda liderada pelo deputado federal Sarney Filho membro da oligarquia Sarney que elegeu 20 prefeitos. Destaca-se também o desempenho do PR que hoje é PL (22) que elegeu sob a liderança de Josimar de Maranhãozinho 17 prefeitos.
A oligarquia Sarney representada pela governadora Roseana Sarney ainda contou com a eleição de prefeitos de partidos aliados, a exemplo dos seguintes: PTB – 12 candidatos eleitos; DEM – 11 candidatos eleitos; PSD – 10 candidatos eleitos; o PT (13) elegeu 10 prefeitos; PP – 6 candidatos eleitos; PT do B – 6 candidatos eleitos; PRTB – 4 candidatos eleitos; PMN – 3 candidatos eleitos; PHS – 2 candidatos eleitos; e PRP – 1 candidato eleito. Assim a governadora Roseana Sarney e o Ricardo Murad consolidaram a sua liderança com um total de 173 prefeitos.
Uma força política que entre as 217 prefeituras sendo o apoio de 79,97% na base do governo de Roseana Sarney. Até o PT era aliado quase que estratégico da oligarquia Sarney. Mas, claro que com descontentamentos na base do Partido dos Trabalhadores. Até o deputado federal Domingos Dutra rompeu com o PT em função da decisão de apoio a Roseana Sarney no ano de 2010.
A oposição a Sarneismo elegeu 44 prefeitos sendo: o PSB (40) elegeu 15 prefeitos, o PDT elegeu 8 prefeitos e o PCdoB (65) elegeu 5 prefeitos. Além do PSDB (45) também oposição a oligarquia Sarney que elegeu 8 prefeitos, o PPS (23) com 6 prefeitos e o PTC (36) com 2 prefeitos eleitos. Assim totalizando 44 prefeitos no campo da oposição ao sarneismo. Vale destacar que alguns dos prefeitos de oposição tinham bom relacionamento político com a Roseana Sarney. Como visto o domínio da oligarquia Sarney era quase incontestável.
As eleições de 2014 a coligação “Pra Frente Maranhão” com uma extensa lista de partidos contando com 18 organizações partidárias conforme segue: PRB, PT, PTB, PSL, PTN, PSC, PR, DEM, PSDC, PRTB, PHS, PMN, PV, PRP, PEN, PSD e PT do B, além do PMDB maior partido do estado do Maranhão lança a candidatura de Edinho Lobão e vai enfrentar a oposição liderada por Flávio Dino com a Frente chamada “Todos pelo Maranhão”, composta por 9 organizações partidárias sendo elas: PCdoB, PSDB, PSB, PP, SD, PTC, PPS, PROS e PDT.
Entretanto, no ano de 20014 Flávio Dino ganha as eleições com 63,52% dos votos que significou 1.877.064 dos eleitores contra 33,69% dos votos representando 995.619 eleitores. A frente de oposição também elege o senador em uma eleição bem mais polarizada Roberto Rocha PSB (40) leva com 51,41%, ou seja 1.476.840. No entanto, o Roberto Rocha não demora para romper com o grupo de Flávio Dino.
A vitória de Flavio Dino do PCdoB no ano de 2014 levaria ao desafio de se consolidar como liderança política nos municípios maranhenses e assim nas eleições de 2016 o PCdoB partido do governador elege 46 prefeitos e vai ser seguindo do PSDB com 29 prefeituras e sendo o partido do vice-governador do Estado, Carlos Brandão. Logo depois vem o PDT com a liderança do Deputado Federal Weverton Rocha que elege 28 prefeitos. Depois vem o PMDB da Roseana Sarney com 22 prefeitos eleitos. Na sequência vem o PP com 15; PP – 15; PRB – 14; PSB – 13; PTB – 7; PT – 7; PR – 7; PV – 7; PSD – 6; PSDC – 2; PMN – 2; PTN – 2; SD – 2; DEM – 2; PROS – 2; PPS – 1; PSL – 1; PTC – 1. Neste novo cenário político o Flávio Dino começou a se consolidar como uma das maiores lideranças políticas do estado do Maranhão sem que seja dono de meios de comunicação e nem empresário. Pois um professor universitário com uma brilhante carreira profissional no poder judiciário e na atuação política parlamentar.
Nas eleições de 2018 o Flávio Dino se consolida como a grande liderança política do Estado do Maranhão e praticamente humilhar a oligarquia Sarney que tentava se revitalizar na estrutura de poder do Maranhão lançando a candidatura da ex-governadora Roseana Sarney. Dino lidera uma coligação com 16 partidos sendo o PCdoB; PRB que passou a ser o partido do vice-governador Carlos Brandão; o PDT que vai eleger o senador Weverton Rocha sendo o mais votado com quase 2 milhões de votos; o PPS que elege a senadora Eliziane Gama; o PT; AVANTE; PTB; PROS; PSB; PR; DEM; PP; PATRIOTAS; PTC; SD e PPL. Assim a Roseana Sarney coma Frente “Maranhão Quer Mais” contando somente 6 partidos, ou seja, o MDB; PSC; PV; PRP E PMB vai ter ridículos 30,07% contra 59,29% de Flávio Dino que derrota a Roseana Sarney no primeiro turno.
É partir da eleição de 2018 que finda realmente as esperanças da volta do domínio oligarca no formato do histórico sarneistas. Goste quem gostar e não goste quem não gosta. Mas Flávio Dino em 2018 foi consolidado como uma grande liderança política no Brasil muito pelo fato de ter sido ele o responsável pela destruição definitiva da última oligarquia política com tentáculos firmes em um Estado brasileiro.
Em 2020 o cenário político nos municípios começa a modificar e a distribuição do poder fica da seguinte forma: PDT 42; PL 40; REPUBLICANOS 25; PCdoB 22; PP 17; PTB 14; DEM 11; MDB 7; PSC 7; PSB 6; PSD 5; PATRIOTA 4; PSDB 4; SOLIDARIEDADE 4; PMN 2; PSL 2; AVANTE 1; CIDADANIA 1; PROS 1; PT 1. Aqui não pretendo esgotar essa discussão e nem apontar possibilidades para as eleições de 2022. Penso que o cenário é de muitas incertezas.
No entanto, as eleições de 2020 para as prefeituras apresentam alguns fenômenos que precisam ser analisados a luz das ciências políticas. A primeira é a consolidação do Josemar de Maranhãozinho como uma liderança política com mais de 40 prefeituras sob o comando de seu grupo. A segunda é o crescimento do PDT sob a liderança do senador Weverton Rocha que de 28 prefeituras em 2016, elegeu 42 prefeituras em 2020. A terceira é a redução da quantidade de prefeituras do PCdoB que sendo na época o partido do governador Flávio Dino caiu de 46 prefeitos para 22 prefeituras, pois tal fato deve ser avaliado para entender essa questão. Por último, a situação do PSDB que tinha 29 prefeituras e despencou para somente 4 eleitos em 2020, além também do todo poderoso MDB que lá em 2012 chegou a ter 47 prefeituras, nas eleições de 2020 elegeram somente 7 prefeitos.
Portanto, o cenário político maranhense requer um estudo mais profundo para arriscarmos uma análise sobre o futuro das forças políticas no estado do Maranhão. Entretanto arriscamos dizer que a oligarquia Sarney é coisa do passado e que hoje a Roseana Sarney vai ter que se virar para conseguir ser eleita Deputada Federal, ou então pode cair no fenômeno João Alberto que entrou nas eleições de 2020 na cidade de Bacabal para disputar uma vaga de vereador e o sapato de tão alto quebrou a salto e ele teve menos de mil votos. Outro aspecto é a reeleição do neto do Sarney, o Adriano Sarney para deputado estadual que também vai ter que se correr atrás de votos, pois o seu partido também encolheu no estado do Maranhão, além de ter passado todo o seu mandato defendendo o governo Bolsonaro e na oposição ao governo de Flávio Dino e agora recentemente aderiu ao grupo de Flávio Dino, o que é louvável.
De tal forma que arriscamos dizer que o Flávio Dino é hoje a maior liderança política do estado do Maranhão e tanto é verdade que talvez não se tenha concorrente com força política para ameaçar a sua vaga de senador. Outro elemento é que ele vai liderar políticos da oligarquia Sarney que em um passado mais recente assistíamos tais políticos preferir o satanás a que fazer parte do mesmo grupo político do Flávio Dino.
Assim finalizo essa reflexão dizendo que as opiniões aqui contidas são sugestões de tendencias políticas, pois como já disse para entender esse tabuleiro de disputa política precisamos de maior rigor na investigação. No entanto espero contribuir com elementos que possam servir de lacunas para uma investigação mais rigorosa sobre o tema aqui abordado.
Lembre-se que a política é muito dinâmica e as mudanças as vezes são rápidas, mas também tendem em alguns casos ser demoradas. De maneira que o que hoje parece ser todo poderoso, amanhã pode não mais ser o todo poderoso. Cautela nas decisões políticas não é um exagero, mas uma prevenção.
FONTE: Marcos Silva