Atacante de 21 anos tem origem quilombola e renovou com o Coxa até 2024; multa milionária é para clubes brasileiros – valor para europeus é de cerca de R$ 260 milhões
Ele gosta de bater no peito pra dizer que é um piá do Couto. Revelado nas categorias de base do Coritiba, Igor Paixão se tornou referência no ataque alviverde desde o ano passado. E com apenas 21 anos de idade, segue se destacando nesta temporada. É o vice-artilheiro e garçom da equipe, com oito gols e oito assistências.
Em fevereiro deste ano, o Coritiba renovou o contrato do atacante até dezembro de 2024. As boas atuações, desde a Série B no ano passado, vem chamando a atenção de clubes brasileiros e de fora do país.
O ge apurou que a multa para o mercado brasileiro é de R$ 100 milhões. Para fora do país, o valor é de 50 milhões de euros (cerca de R$ 260 milhões).
Igor Paixão vive o momento é o melhor da carreira. Dividiu a artilharia do Paranaense com Léo Gamalho e agora joga a Série A do Campeonato Brasileiro pela primeira vez. No empate com o Atlético Mineiro, o atacante chamou a atenção de muita gente com suas arrancadas e dribles. Ele foi o destaque da partida com um gol, seu primeiro na elite, e uma assistência.
O atacante tem muita história para contar. Em 2014, aos 14 anos, Paixão deixou deixou Macapá, no Amapá, percorreu a 2.837 quilômetros para vir a Curitiba participar de uma peneira no Centro de Treinamento do Capitão, que mantinha parceria com o Coritiba. Foi o único aprovado entre 40 meninos naquele dia.
Igor Paixão tem origem quilombola, grupo étnico-racial formado por descendentes de escravos fugitivos durante o período da escravidão. Os avós fizeram parte da comunidade Curiaú, no Amapá.
– Meu pai largou tudo lá para viver um sonho meu. Minha família sempre me apoiou, meus pais, meu vô que faleceu. Quero dar um futuro melhor para minha família. E só tenho a agradecer esse clube maravilhoso – relembra o jovem.
Começo difícil e ressurgimento com Morínigo
Em 2021, sem opções de atacante de velocidade no elenco e com muitas dificuldades no mercado, o clube resolveu apostar no garoto, que passou a temporada anterior emprestado ao Londrina.
O técnico Gustavo Morínigo deu sequência a Paixão, que se firmou na equipe mesmo após a eliminação precoce da equipe no Paranaense. Na Série B, o resultado apareceu: sete gols, cinco assistências e o acesso.
A identificação e sequência com o Verdão fez com que o atacante se tornasse um torcedor do clube.
– Hoje sou torcedor do Coritiba, me conquistou. Antes de vir para cá, eu era Flamengo. Mas não tem como, desde que cheguei sou piá do Couto, coxa-branca mesmo.
Coritiba não tem pressa para negociar o atacante
O Coxa espera contar com o Paixão por muito tempo. O vice-presidente do clube, Glenn Stenger, fez questão de destacar o planejamento para o atacante, o bom relacionamento que mantém com o staff do jogador, e que o Coritiba quer Igor tenha tranquilidade para continuar desempenhando seu futebol no Alto da Glória.
– Obviamente que um jogador com as características do Igor desperta interesse. O mercado se movimenta e sempre necessita de jogadores agudos e decisivos como ele. Renovamos o contrato dele no início do ano. Converso regularmente com seus empresários e estamos muito tranquilos. Tudo o que planejávamos está sendo executado. Etapa pós etapa. O Igor tem uma excelente cabeça, uma família que o apoia e empresários que estão dando todo o suporte – disse o dirigente ao ge.