Um relatório final da Polícia Federal (PF), com 884 páginas, identifica o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) como o “líder” de um grupo de 37 pessoas acusado de planejar um golpe de Estado no Brasil. De acordo com as investigações, o grupo teria organizado um plano para manter Bolsonaro no poder após sua derrota nas eleições presidenciais de 2022.
O documento detalha os passos do suposto esquema, que teria como objetivo reverter o resultado das urnas por meio de ações ilegais. A PF aponta conexões entre integrantes do grupo e atividades que envolvem atos antidemocráticos, tentativa de manipulação de instituições e planejamento estratégico para impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Para a PF, Bolsonaro “permeou por todos os núcleos” da estrutura golpista, exercendo influência direta nas ações planejadas.
O documento detalha a atuação de seis núcleos que compunham a organização criminosa:
- Núcleo de Desinformação e Ataques ao Sistema Eleitoral
Responsável por disseminar fake news e desacreditar o processo eleitoral brasileiro, buscando minar a confiança da população nas urnas eletrônicas e nas instituições democráticas. - Núcleo Responsável por Incitar Militares a Aderirem ao Golpe de Estado
Atuava para envolver membros das Forças Armadas no plano golpista, buscando apoio institucional para ações contrárias ao resultado das eleições. - Núcleo Jurídico
Desenvolvia estratégias legais para dar aparência de legitimidade às medidas golpistas, incluindo a tentativa de anular o pleito eleitoral ou postergar a posse do presidente eleito. - Núcleo Operacional de Apoio às Ações Golpistas
Organizou a logística necessária para atos antidemocráticos, como manifestações e ocupações em locais estratégicos. - Núcleo de Inteligência Paralela
Voltado para coleta e análise de informações para apoiar a organização, além de monitorar adversários políticos e instituições públicas. - Núcleo Operacional para Cumprimento de Medidas Coercitivas
Planejava ações práticas, como a prisão ou afastamento de autoridades contrárias ao plano golpista.
O relatório, que será enviado ao Ministério Público Federal (MPF), pode embasar novas ações judiciais contra os envolvidos, incluindo Bolsonaro, que e manifestou sobre o assunto no Twitter.
“O ministro Alexandre de Moraes conduz todo o inquérito, ajusta depoimentos, prende sem denúncia, faz pesca probatória e tem uma assessoria bastante criativa. Faz tudo o que não diz a lei”, disse o ex-presidente.
“Tem que ver o que tem nesse indiciamento da PF. Vou esperar o advogado. Isso, obviamente, vai para a Procuradoria-Geral da República. É na PGR que começa a luta. Não posso esperar nada de uma equipe que usa a criatividade para me denunciar”, acrescentou.