“Eleanor the Great” é uma reflexão sobre a passagem do tempo e a necessidade de manter certas histórias vivas, afirma sua diretora, Scarlett Johansson, uma atriz que acredita que “todos os atores têm medo de desaparecer”. Johansson logo atenua sua declaração durante uma entrevista com jornalistas em Cannes, no dia seguinte à estreia do seu primeiro longa metragem como diretora.
“Bom, creio que trabalhei tempo suficiente para deixar de me preocupar com desaparecer, e acho isso libertador. Mas você não diria que todos os atores se preocupam com isso?”, pergunta, dirigindo-se à atriz June Squibb, de 95 anos, protagonista do filme. “Claro, e acho que todos tentamos fazer o correto. Nunca temos certeza de nada”, respondeu a atriz, que conseguiu o papel de protagonista em uma idade bastante incomum no meio do cinema.
Uma cascata de mal-entendidos
Eleanor é uma idosa que vive na Flórida e cuja melhor amiga, uma sobrevivente do Holocausto, falece. Devastada pela perda, se muda para Nova York, onde não consegue reatar os laços com a filha. Um dia, entra em contato com um grupo de discussão sobre a Shoá e, obcecada pela memória da amiga, apropria-se de sua história, o que provoca uma cascata de mal-entendidos que ela não consegue conter.
Ela nem sequer se atreve a contar a verdade para sua inesperada nova amiga, uma estudante de jornalismo interpretada por Erin Kellyman. Mas o filme não aborda apenas o medo individual da morte, e sim o medo do desaparecimento das histórias, como o genocídio perpetrado pelos nazistas.
“Eleanor diz que, se ela não contar a história [da amiga], ninguém o fará. E, nestes tempos em que estamos debatendo constantemente sobre quem tem direito de contar a história de outra pessoa, também temos que encarar o fato de que as histórias precisam ser contadas, senão desaparecerão”, acrescenta Johansson.