O ex-presidente da Bolívia, Evo Morales, não compareceu à convocação do Ministério Público que o investiga pelo suposto abuso de uma menor durante o seu mandato, o que pode lhe render uma ordem de prisão. A decisão de não comparecer foi anunciada pelo advogado do líder indígena Nelson Cox, que também informou que o ex-mandatário tacha as acusações de “mais uma mentira” e que classifica a investigação como “ilegal”. O ex-presidente (2006-2019) “não se apresentará até que o processo […] seja regularizado”, disse Cox, após destacar que a Justiça já investigou e arquivou essa mesma denúncia em 2020. Morales, de 64 anos, foi intimado pelo MP do departamento de Tarija para prestar depoimento dentro do processo por “estupro, tráfico e exploração de pessoas”. O escândalo que pode colocar Morales na prisão remonta a 2015, quando – segundo a denúncia investigada pelo Ministério Público – o ‘líder cocaleiro’ se envolveu com uma menor de 15 anos, com quem teve uma filha em 2016.
Nesta quinta-feira (10), o ministro da Justiça, César Siles, advertiu que o MP, conforme a normativa penal, poderia ordenar a prisão de Morales caso se ele não cumprisse a intimação para depor. “Qualquer ordem de citação afirma em seu texto que, em caso de não comparecimento, será expedido o mandado de prisão”, acrescentou Siles. A promotora de Tarija Sandra Gutiérrez pediu a prisão de Morales em 26 de setembro, mas o pedido foi arquivado por uma juíza que aceitou um recurso do ex-chefe de Estado. Gutiérrez, que foi removida e depois restituída a seu cargo, reabriu o caso contra Morales não só por “estupro” – que implica conjunção carnal com menores de 14 a 18 anos -, mas acrescentou a acusação de exploração e tráfico de pessoas contra o ex-presidente. Segundo o texto que baseia o mandado de prisão anulado pela Justiça, os pais da menor a inscreveram na “guarda juvenil” de Morales “com a única finalidade de escalar politicamente e obter benefícios […] em troca de sua filha menor”, o que configuraria o crime de tráfico e exploração de pessoas.