O Hamas pediu, nesta quinta-feira (27), que Israel retome as negociações sobre a segunda fase da trégua em Gaza, depois que ambos os lados realizaram a última troca de reféns israelenses por prisioneiros palestinos prevista na primeira parte do acordo. O movimento islamista palestino devolveu, na manhã desta quinta-feira, os corpos de quatro reféns a Israel, que em troca libertou mais de 600 prisioneiros palestinos.
O Fórum de Famílias de Reféns confirmou a identidade dos quatro corpos entregues. Eles são Ohad Yahalomi, um franco-israelense de 49 anos; Tsachi Idan, também de 49 anos; Itzik Elgarat, um dinamarquês-israelense de 68 anos, e Shlomo Mansour, de 85 anos. Os três primeiros foram “assassinados em cativeiro” e o último morreu durante o ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023, de acordo com o gabinete do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu. Todos eles foram sequestrados em 7 de outubro em um kibutz perto da Faixa de Gaza.
Em troca, Israel libertou 596 palestinos e ainda faltam 46, “todos mulheres e menores de Gaza” detidos depois de 7 de outubro, informou a ONG palestina Clube de Prisioneiros nesta quinta-feira. Os presos foram recebidos por multidões na cidade de Ramallah, na Cisjordânia, e na cidade de Khan Yunis, em Gaza. Esta é última troca de reféns israelenses por presos palestinos prevista dentro do acordo de trégua mediado por Catar, Egito e Estados Unidos, que entrou em vigor em 19 de janeiro.
A primeira fase deste cessar-fogo termina no sábado e ainda não foram negociados os termos da segunda etapa, que deverá levar ao fim da guerra e concluir a libertação dos cerca de 60 reféns que permanecem em Gaza.
Neste período inicial de seis semanas, um total de 25 reféns e oito corpos voltaram a Israel. Em troca, Israel libertou 1.900 presos palestinos. “Não há outra opção do que iniciar as negociações para a segunda fase”, afirmou o Hamas em um comunicado, considerando que Israel não pode apresentar “falsas desculpas” para interromper o processo.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, ordenou nesta quinta-feira a seus negociadores que viajem ao Cairo para participar das negociações sobre a trégua em Gaza, afirmou seu gabinete, sem fornecer mais detalhes. O presidente israelense, Isaac Herzog, destacou nesta quinta-feira a “obrigação moral” das autoridades de seu país de fazer todo o possível “para trazer de volta todos os reféns”, vivos ou mortos. “Prometo que seguiremos trabalhando sem descanso até trazermos todos de volta”, declarou Netanyahu.
No sábado, o governo de Israel bloqueou a libertação dos 600 presos palestinos em protesto contra as “cerimônias humilhantes” organizadas pelo Hamas em cada troca de reféns, criticadas também pela ONU e a Cruz Vermelha. Um dos casos que mais chocou Israel foi a entrega na semana passada de quatro corpos, entre eles os dos meninos Ariel e Kfir Bibas, cujos caixões foram expostos diante de uma imagem de Netanyahu retratado como um vampiro.
A família Bibas, cujos filhos tinham quatro anos e oito meses e meio no momento do sequestro, se tornou um símbolo da tragédia dos reféns israelenses. O pai, Yarden Bibas, também sequestrado, mas libertado este mês, homenageou durante o funeral sua “família perfeita”. “Shiri, sinto muito por não ter conseguido proteger a todos”, disse.
Durante o funeral, a família instou os dirigentes israelenses a assumirem responsabilidade pela morte de seus parentes. “Poderiam ter salvado eles, mas preferiram a vingança”, disse Ofri Bibas, cunhada de Shiri.
Após quase 15 meses de guerra na Faixa de Gaza, desencadeada pelo ataque dos milicianos islamistas em solo israelense em 7 de outubro de 2023, Israel e Hamas alcançaram um acordo de cessar-fogo que contempla três fases. O frágil acordo esteve à beira do colapso várias vezes, porque os dois lados se acusam mutuamente de violações. O Exército israelense afirmou, na quarta-feira, que havia bombardeado postos de lançamento de projéteis em Gaza, após identificar um disparo.