Israel prometeu, nesta terça-feira (18), prosseguir com a ofensiva implacável em Gaza até o retorno de todos os reféns, após bombardeios que deixaram mais de 400 mortos, os ataques mais intensos no território palestino desde o início da trégua com o Hamas. Os ataques representam um duro revés para o cessar-fogo que está em vigor entre Israel e o Hamas desde 19 de janeiro e podem implodir as negociações indiretas para prolongar a trégua.
O movimento islamista palestino “aceitou o acordo de cessar-fogo e o aplicou de maneira integral, mas a ocupação israelense renegou seus compromissos (…) ao retomar a agressão e a guerra”, afirmou um dirigente do grupo à AFP. O Hamas acusou o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, de sacrificar os reféns ao reiniciar a guerra, desencadeada pelo ataque do grupo islamista em Israel em 7 de outubro de 2023.
“A decisão de Netanyahu de retomar a guerra é uma decisão de sacrificar os prisioneiros (reféns) da ocupação e impor uma sentença de morte a eles”, declarou Izzat al Rishq, dirigente do grupo, em um comunicado. Os bombardeios israelenses mataram Essam al Dalis, chefe do governo do Hamas em Gaza, e outros três dirigentes do movimento, informou o grupo islamista que administra o território palestino desde 2007.
O Ministério da Saúde de Gaza informou que pelo menos 413 pessoas morreram nos ataques. O balanço não é definitivo, acrescentou, porque “várias vítimas continuam sob os escombros”. O governo israelense afirmou que os bombardeios são consequência da “reiterada negativa do Hamas de libertar os reféns” e de sua “recusa de todas as propostas que recebeu do enviado americano Steve Witkoff e dos mediadores”.
Os ataques acontecem em um contexto político agitado, depois que Netanyahu anunciou no domingo que pretende demitir Ronen Bar, diretor da agência de segurança interna Shin Bet. A decisão, afirmou, foi motivada pela necessidade de “restabelecer a organização, alcançar todos os nossos objetivos de guerra e impedir o próximo desastre”, em referência ao ataque de 7 de outubro.