Russos dizem que Kiev atacou o local com sistema de artilharia dado pelos EUA; ucranianos negam e falam que se trata de ‘objetivos criminosos’ de encobrir a tortura e as execuções realizadas na prisão
Um bombardeio em uma prisão em Donbass, leste da Ucrânia, nesta sexta-feira, 29, que deixou ao menos 40 mortos, virou mais um ponto no conflito entre Rússia e Ucrânia que já está em seu sexto mês. O Exército russo acusou as tropas de Kiev de bombardearem local. O Ministério da Defesa russo disse em nota que os disparos de um sistema de artilharia Himars, entregues à Ucrânia pelos Estados Unidos, atingiram uma prisão na região de Donetsk, onde soldados ucranianos estavam presos.
Segundo o ministério, a prisão fica perto da cidade de Olenivka a cerca de 30 quilômetros a sudoeste de Donetsk, capital de uma das regiões separatistas de mesmo nome. “Esta provocação ultrajante visa assustar os soldados ucranianos e dissuadi-los de se render”, disse o ministério. O país de Volodymyr Zelensky, por sua vez, disseram por meio de um comunicado que essas informações são falsas. “As forças armadas ucranianas, aderindo plenamente aos princípios e normas do direito internacional humanitário, nunca realizaram e não realizam bombardeios contra infraestruturas civis, especialmente em locais onde é provável que se encontrem prisioneiros de guerra”, assegurou o Estado-Maior ucraniano em um comunicado. “As forças armadas ucranianas não realizaram nenhum ataque com mísseis ou artilharia na área da prisão de Olenivka”, ressalta o comunicado.
Além de declinarem as acusações russas, eles também informaram que os responsáveis pelo ataque são as forças de Vladimir Putin. “A Rússia cometeu outro crime de guerra horrendo ao bombardear uma prisão na região ocupada de Olenivka, onde mantinha prisioneiros de guerra ucranianos”, escreveu o ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, no Twitter. “Desta forma, os ocupantes russos perseguem seus objetivos criminosos: acusar a Ucrânia de ter cometido crimes de guerra e encobrir a tortura de prisioneiros e as execuções que realizaram lá”, denunciou o Estado-Maior ucraniano. De acordo com o ministério ucraniano e russo, a prisão abrigava, entre outros, membros do batalhão Azov, divisão que ganhou notoriedade por defender a cidade de Mariupol contra o avanço das tropas russas e que Moscou afirma ser uma formação neonazista. Após semanas de cerco e resistência na siderúrgica Azovstal em Mariupol, cerca de 2.500 combatentes ucranianos se renderam em maio. As autoridades russas indicaram que seriam presos em Olenivka.
*Com informações da AFP