Diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Rafael Mariano Grossi, diz que Zaporizhia está em ‘situação volátil’ e equipe especializada precisa entrar no local para reparar danos
A maior usina nuclear da Europa está completamente fora de controle, informou o diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Rafael Mariano Grossi, em coletiva de imprensa na sede da ONU, em Nova York, que desde segunda-feira recebe a décima conferência dos 191 Estados signatários do Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares (NPT). Controlada pelos russos desde o início de março, a usina nuclear de Zaporizhia, localizada no sul da Ucrânia, está em uma situação volátil e a Organização das Nações Unidas tenta enviar uma missão ao local. Há semanas Grossi tenta enviar uma missão para inspecionar a fábrica. Mas, até agora, a Ucrânia rejeita uma proposta que, em sua opinião, legitimaria a ocupação russa da usina, explicou o operador ucraniano Energoatom. “Ir até o local é muito complexo porque requer o acordo e a cooperação de vários atores”, em particular de Ucrânia e Rússia, e o apoio da ONU, já que a usina encontra-se em uma zona de guerra, disse Grossi. “Estou tentando colocar uma missão em andamento o mais rápido possível”, acrescentou.
Segundo Grossi, “todos os princípios de segurança foram violados de uma forma ou outra. E não podemos permitir que isso continue acontecendo”, completou. Zaporizhia é a maior usina nuclear da Europa. Em 2021, ela gerou 20% da produção anual de eletricidade ucraniana e 74% da produzida pelo parque nuclear ucraniano. Há meses a AIEA se preocupa com a situação da região. No dia 30 de junho, eles chegaram a informar que tinha perdido, mais uma vez, o contato com os sistemas remotos de segurança e vigilância do local. A AIEA cobra que técnicos possam fazer uma visita na região para reparar danos e avaliar a situação, que desde a invasão da Rússia à Ucrânia, em 24 de fevereiro, não recebe suporte. Na segunda-feira, o chefe da diplomacia americana, Antony Blinken, acusou a Rússia de usar a usina, a maior da Europa, “como base militar para atirar nos ucranianos, sabendo que eles não podem responder porque correriam o risco de atingir um reator nuclear ou resíduos altamente radioativos.” Grossi condena essa possibilidade e diz que “isso leva a noção de um escudo humano a um nível totalmente diferente e aterrorizante”, acrescentou, insistindo que a AIEA precisa ter acesso à usina.
Fonte: Jovem Pan News