Tropas russas se retiraram do sul do estado e perderam a única capital que tinham conquistado até agora; região tinha sido anexada por Putin no final de setembro
A Rússia concluiu a retirada de suas tropas da margem oeste do rio Dnieper, depois que Moscou anunciou que tomou a “difícil decisão” de um recuo. “Hoje, às 5h de Moscou (23h de Brasília), foi concluída a transferência das tropas russas para a margem esquerda do rio Dnieper”, afirmou o ministério da Defesa da Rússia nas redes sociais. O fim da operação foi bastante comemorado pela Ucrânia. “Conquistamos outra importante vitória agora e prova que não importa o que a Rússia faça, a Ucrânia vencerá”, disse o ministro das Relações Exteriores ucraniano, Dmytro Kuleba, no Twitter. A agência de notícias russa Ria Novosti divulgou imagens filmadas à noite de veículos militares russos deixando Kherson pela ponte Antonovski sobre o rio Dnieper. Vários correspondentes russos relataram que a ponte foi destruída mais tarde, sem especificar quem o fez. Imagens publicadas nas redes sociais mostram a infraestrutura destruída. A perda de Kherson é o maior revés russo desde o começo do conflito. Até agora, essa era a única capital que a Rússia tinha conquistado em nove meses de conflito. No começo de setembro, Vladimir Putin, presidente da Rússia, havia reivindicado a região e anexado junto a outras três regiões. Na ocasião, o líder prometeu defender “por todos os meios” o que considera territórios russos, ameaçando nas entrelinhas recorrer a armas nucleares.
Mas diante da contraofensiva ucraniana lançada no final do verão, o exército russo anunciou na quarta-feira, 10, que estava deixando a parte norte da região de Kherson, incluindo sua capital de mesmo nome, localizada na margem direita do Dnieper, para consolidar posições do outro lado desta barreira. No entanto, o Kremlin assegurou que, apesar da retirada do exército russo daquele território, a Rússia continua considerando que toda a zona sul pertence ao país. A região de Kherson “é uma questão da Federação Russa”, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov. “Não pode haver nenhuma mudança”, acrescentou ele, no primeiro comentário da Presidência russa sobre a retirada ada tropas. O porta-voz se recusou a comentar mais sobre a retirada, a segunda maior após a de setembro da região de Kharkiv, no nordeste, diante da avassaladora contraofensiva ucraniana.