Erdogan, atual chefe de Estado, e Kilicdaroglu, líder da oposição, disputam a presidência do país; eleição tem sido acompanhada de perto por Rússia, Estados Unidos e União Europeia.
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, comentou nesta segunda-feira, 15, o resultado das eleições da Turquia e declarou que vai apoiar quem vencer, seja seu aliado Recep Tayyip Erdogan, ou o líder que oposição Kemal Kilicdaroglu, que chegou a acusar os russos de interferências na eleição, mas que disse que se vencer pretende manter um diálogo com Moscou. “Temos grande respeito pela escolha do povo turco e vamos respeitá-la, mas, de qualquer forma, esperamos que nossa cooperação continue, se aprofunde e se amplie”, disse o porta-voz russo, Dmitry Peskov. Apesar da aliança entre o atual líder e Putin, na Rússia a maioria votou a favor do fim da era Erdogan, que já dura 20 anos. Segundo a agência de notícias estatal turca Anadolu, Kilicdaroglu venceu nos colégios eleitorais russos, com 54% dos votos. No Brasil, ele também saiu vencedor, 70% dos eleitores aptos a votar escolheram a oposição. Erdogan, que obteve 49,4% dos votos, e Kilicdaroglu, que integra uma aliança de oposição de seis partidos, chegou a 44,95%. |Eles disputam a presidência turca no próximo dia 28 de maio.
Apesar de ter conseguido atingir 50% em determinada parte da apuração, o atual chefe de Estado não conseguiu manter a média e viu sua vantagem ir diminuir, fazendo com que um segundo turno fosse necessário para eleger o novo governante. Na Turquia, para vencer logo de primeira, é preciso obter 50% dos votos mais um. O resultado obtido diverge dos que apareceram nas pesquisas que antecederam as eleições. Apesar de já indicar que a disputa seria acirrada, Kilicdaroglu, aparecia na frente com cinco pontos. Essa é a primeira vez na história da Turquia que haverá uma segundo turno presidencial, e Erdogan tem vantagem. Os 64 milhões de eleitores do país compareceram em massa às urnas e o índice de participação provisório é de quase 90%. Os resultados do dia 28 dependerá parcialmente de um terceiro candidato, o nacionalista Sinan Ogan, que recebeu quase 5% dos votos no domingo. Até o momento ele não pediu a seus simpatizantes que votem em nenhum dos candidatos. Kemal Kilicdaroglu prometeu nesta segunda-feira vencer o segundo turno. “A vontade de mudança na sociedade é maior do que 50%”, disse.
Mesmo tendo vencido o primeiro turno, essas eleições são as mais difíceis para Erdogan, que chegou ao poder em 2003. O terremoto que abalou o país em fevereiro, foi um dos problemas que balançaram ainda mais seu governo, que já vinha recebendo negativas devido aos problemas econômicos que assolam a região e afetou o poder de compra do público. Nesta segunda, em meio a incerteza das eleições, a lira turca alcançou o seu nível mais baixo de cotação em relação ao dólar. Pela manhã, a moeda oscilava em torno de 19,6 unidades por dólar, o seu pior valor da história, depois de uma queda momentânea na sexta-feira passada que atingiu níveis semelhantes e marcando uma queda acumulada de 1% desde o início do mês. Desde o verão passado, a lira tem gradualmente perdido valor em relação ao dólar, com oscilações mínimas, e muitos analistas turcos alertam para o fato de o banco central turco estar mantendo a taxa de câmbio artificialmente estável através de intervenções e restrições à compra de moeda por parte das empresas.
Em decorrências dessas situações, os eleitores estão votando com base em quem consideram mais capaz de administrar os danos deixados pelo terremoto, proteger o país de futuros desastres que possam acontecer e que consiga recuperar a economia. Nos planos de Kilicdaroglu, ele promete reduzir a inflação “para apenas um dígito dentro de dois anos” e “devolverá a credibilidade da lira turca”. A moeda perdeu cerca de 80% de seu valor em cinco anos frente ao dólar. Outro ponto que tem pesado contra Erdogan, é a preocupação dos eleitores com o fato dele estar se afastando da democracia, pois ele está diminuindo a independência das instituições, perseguindo jornalistas, militares, oposição, professores, o que, segundo especialistas, faz com que ele esteja se tornando um grande autocrata. A eleição na Turquia tem sido acompanhada de perto, não somente pela Rússia, que já se manifestou sobre os possíveis resultados, como pelo Ocidente, principalmente pelo fato de que o país faz parte da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e, junto a Hungria, tem barrado a adesão da Suécia. A Turquia tem mediado questões da guerra na Ucrânia, que se encaminha para o segundo ano, e é a porta de entrada a para a Europa, devido à sua posição geográfica — está entre a Europa e o Oriente Médio —, desempenha papel crucial na moderação do fluxo de refugiados para a União Europeia.
*Com informações das agências internacionais