Dezenas de pacientes infectados foram encontrados deitados em macas nas áreas de emergência de centros de saúde e médicos precisam continuar trabalhando mesmo infectados.
Em meio a uma crescente de casos de Covid-19, o sistema de saúde da China enfrenta dificuldades para atender a população que contraiu o vírus. Recentemente, o país eliminou a exigência de quarentena para visitantes estrangeiros a partir de 8 de janeiro, a última medida em vigor em sua rígida política de “covid zero”. Com a decisão, a população chinesa correu para comprar passagens aéreas internacionais. Mas hospitais e crematórios em toda China continuam sobrecarregados, principalmente de idosos. Os jornalistas da agência AFP viram, nesta quarta-feira, 28, dezenas de pacientes com covid-19, a maioria idosos, deitados em macas nas áreas de emergência dos hospitais de Tianjin, a 140 quilômetros de Pequim. Um médico admitiu que a equipe médica terá de continuar trabalhando, mesmo que teste positivo para o coronavírus. Nesta quarta, o Centro de Prevenção e Controle de Doenças da China informou 5.231 novos casos de covid e três mortes, depois de estreitar os critérios para definir se uma morte foi causada pelo coronavírus. Os números divulgados podem ser menores do que a realidade, porque as pessoas não são mais forçadas a relatar o contágio. Hoje, usam dados de consultas on-line, visitas hospitalares, pedido de medicamentos para febre e chamadas de emergência para “cobrir as limitações dos números (oficiais) relatados”, disse Yin Wenwu, funcionário do controle de doenças, à imprensa na terça-feira, 27. Diante da falta de remédios básicos, as autoridades da cidade de Pequim planejam distribuir Paxlovid, um remédio contra a covid, em hospitais locais e clínicas comunitárias.
Outros países expressaram preocupação com a possibilidade de surgimento de novas variantes, devido ao aumento de casos na China. Ontem, autoridades americanas anunciaram que o país está considerando a possibilidade de impor restrições aos viajantes procedentes da China, depois que Japão, Índia e outros decidiram exigir testes de PCR de passageiros com mesmo local de partida. “A comunidade internacional está cada vez mais preocupada com os surtos contínuos de covid-19 na China e a falta de dados transparentes, incluindo os dados de sequências genômicas virais”, disseram as autoridades americanas. Diante disso, Washington “considera tomar medidas similares” às de países como Japão e Malásia, acrescentaram. O governo italiano se somou à lista, ao anunciar nesta quarta que também vai impor testes obrigatórios a todos os viajantes procedentes da China.”O desenvolvimento atual da situação epidemiológica chinesa é previsível e controlado”, garantiu o porta-voz do Ministério chinês das Relações Exteriores, Wang Wenbin, nesta quarta-feira. “O exagero, a difamação e a manipulação política com segundas intenções não resistem à prova dos fatos”, acrescentou Wang, que chamou a cobertura da imprensa ocidental sobre a covid na China de “totalmente tendenciosa”. Desde março de 2020, os passageiros que chegavam à China tinham de passar por uma quarentena obrigatória.
*Com informações da agência AFP