Presidente francês lamentou não ter conseguido convencer a maioria dos franceses de que a mudança era necessária e acusou a oposição de não propor nenhuma alternativa.
O presidente da França, Emmanuel Macron, admitiu “erros de comunicação” na defesa da reforma da previdência, que está causando uma queda em sua popularidade após sua adoção em meio a grandes manifestações contra a mudança na lei de aposentadoria. Em um encontro com leitores do jornal “Le Parisien”, divulgado neste domingo, 23, Macron lamentou não ter conseguido convencer a maioria dos franceses de que a reforma era necessária e garantiu que “talvez” devesse ter “se mostrado mais” nos debates. “O erro pode ter sido não ter estado suficientemente presente para dar uma solidez e eu mesmo promover essa reforma”, disse o presidente francês, reconhecendo que optou por deixar essa tarefa para seu governo. Apesar de tudo, Macron defendeu o adiamento da idade mínima de aposentadoria de 62 para 64 anos como única forma de manter o atual sistema previdenciário, uma vez que “com todas as outras hipóteses, fica deficitário”.
Além disso, o presidente francês acusou a oposição de não propor nenhuma alternativa, o que “de certa forma impediu o debate”. Macron garantiu que vai continuar frequentando eventos públicos para “reconquistar o debate público porque há coisas que não estão claras” e lamentou que alguns manifestantes o recebam com panelaços em vez de debater com ele. “Tem gente que discorda e se pode conversar. Mas quando tem gente que só quer abafar sua voz ou jogar objetos em você, isso é falta de civilidade”, lamentou. Por fim, o presidente francês alertou para o perigo de a líder da extrema-direita Marine Le Pen chegar ao poder “se os desafios do país não forem respondidos e se o hábito da mentira e da negação da realidade estiver instalado”. Segundo Macron, a extrema-direita “nunca será derrotada no jogo do populismo e da demagogia”, mas pode ser combatida com a “reindustrialização” e políticas reais que “tirem as pessoas da desesperança”.