Ao adicionar altas taxas alfandegárias a produtos do Canadá, México e China, o presidente americano Donald Trump afirmou que quer obrigá-los a agir para reduzir o tráfico de fentanil, um opioide responsável por uma grave crise sanitária nos Estados Unidos. A China, cujos produtos terão uma taxa suplementar de 10%, é acusada de passividade frente ao tráfico dos componentes do fentanil, droga que, segundo autoridades americanas, provocou mais de 70.000 mortes por overdose nos Estados Unidos.
O que é o fentanil?
Fentanil é um ópio sintético 50 vezes mais potente que a heroína e muito mais fácil e barato de produzir. É a principal causa de morte entre americanos de 18 a 45 anos. O departamento de controle de drogas dos EUA (DEA, Drug Enforcement Administration) diz que a China é “a maior fonte de produtos químicos relacionados ao fentanil contrabandeados para os Estados Unidos”.
Em 2019, a China reforçou os controles, reduzindo o tráfego direto para os Estados Unidos. Porém, segundo o serviço de investigação do Congresso dos EUA, os componentes químicos são enviados para o México, onde são transformados em fentanil e levados para os Estados Unidos. As substâncias químicas do fentanil são, em sua maioria, legais na China, onde são usadas como analgésicos. A China diz que não há “tráfico ilegal de fentanil” de seu território para o México e promete fortalecer os controles.
Quais medidas os Estados Unidos tomaram?
O governo de Joe Biden, antecessor de Trump, fortaleceu a luta contra o fentanil. Em outubro, sancionou dezenas de entidades e indivíduos sediados na China, acusando-os de serem “fornecedores” de traficantes americanos, vendedores on-line e cartéis mexicanos. O grupo, formado por empresas localizadas em Wuhan, outras partes da China continental e Hong Kong, é acusado de ter enviado ao México e Estados Unidos cerca de 900 kg de fentanil e precursores químicos, apreendidos pelas autoridades.
“O comércio mundial de fentanil que provoca a morte de americanos geralmente começa em fábricas químicas chinesas”, disse Merrick Garland, enquanto era procurador-geral dos EUA.