Após meses de entrave, secretário-geral, Jens Stoltenberg, informou que presidente turco vai garantir a ratificação do pedido
O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, concordou, nesta segunda-feira, 10, com a adesão da Suécia a Organização do Tratado do Atlântico Norte (otan) e vai impulsionar o processo no poder legislativo turco, anunciou o secretário-geral da aliança militar, Jens Stoltenberg, após se reunir com Erdogan e o primeiro-ministro da Suécia, Ulf Kristersson. “É um dia histórico. Tenho o prazer de anunciar que o presidente Erdogan concordou em encaminhar o protocolo de adesão da Suécia à grande Assembleia Nacional o mais rápido possível, e em trabalhar em estreita colaboração com o Parlamento para garantir a ratificação do pedido”, disse Stoltenberg, ressaltando que não sabe o prazo exato em que a Turquia vai ratificar a entrada da Suécia na aliança militar. O anúncio vem horas após dizer que só aprovaria a adesão da Suécia à Otan se a União Europeia retomasse as negociações para o ingresso na Turquia ao bloco. As negociações entre Turquia e a UE estão bloqueadas há vários anos. No final de 2020, a Comissão Europeia estimou que a adesão de Ancara estava “em ponto morto” devido a decisões contrárias aos interesses da UE por parte de seus líderes.
Diante desse novo elemento, foi organizada às pressas uma reunião de Erdogan com o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel – que lidera a instituição da UE que representa os governos dos 27 países do bloco – para desbloquear a questão. Em um tuíte, Michel anunciou que discutiu com Erdogan como “revitalizar” a relação entre a UE e a Turquia. “Exploramos oportunidades para trazer a cooperação entre a UE e a Turquia de volta ao centro das atenções e revitalizar nossas relações”, tuitou Michel após o encontro com o presidente turco. Além disso, Michel indicou que o Conselho “convidou o Alto Representante [o chefe da diplomacia da UE, Josep Borrell] e a Comissão Europeia a apresentar um relatório com uma visão de como proceder estrategicamente e com foco no futuro”.
A Turquia e a Hungria eram os dois últimos países da Aliança Atlântica que se estavam conta a adesão. Os húngaros ainda não ratificaram a adesão da Suécia. O presidente turco criticava o país nórdico por sua suposta clemência em relação aos militantes curdos refugiados em seu território, se referindo ao Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), um grupo guerrilheiro que iniciou uma luta armada contra o Estado turco em 1984 e é considerado uma organização terrorista por Turquia, Suécia, União Europeia e Estados Unidos. Após a queixa turca, a Suécia reformulou sua legislação antiterrorista e criminalizou a mera filiação ou o apoio financeiro, ou de outro tipo a uma organização terrorista. Esse anúncio vem na véspera do início da cúpula anual da Otan na Lituânia. A Aliança se reunirá na quarta-feira, 12, em Vilnius para discutir sua relação com a Ucrânia e esperava-se que a Turquia levantasse o veto que havia imposto à entrada da Suécia na aliança militar transatlântica. A Suécia e a vizinha Finlândia encerraram décadas de não-alinhamento militar para se candidatarem à adesão à Otan, após a invasão da Ucrânia pela Rússia. A Finlândia entrou oficialmente em abril.